O projeto “Sementes do Taquari” que vai reflorestar uma área total de 6 mil hectares de solo degradado no Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari, na região entre Costa Rica e Alcinópolis, avança com ações que recuperam o solo e o plantio de mudas nativas. O projeto que deve ter duração de seis anos e garanir o plantio de até 2 milhões de árvores, sendo 270 mil mudas neste ano, é considerado o maior de recuperação ambiental em unidade de conservação do Brasil, realizado pelo Imasul e conta com apoio de instituições e empresas privadas.
Para conferir o andamento do projeto, o diretor-presidente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) André Borges esteve na quinta-feira (28) visitando uma das três sedes do parque, na antiga Fazenda Continental. Ele esteve acompanhado pela chefe do parque, a fiscal ambiental Martha Gilka.
A área visitada foi adquirida pelo Governo do Estado em março de 2023, no total de 2.765 hectares que pertenciam à Fazenda Continental inserida dentro do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari. “Esta aquisição foi muito importante para o nosso trabalho, pois a área abriga as nascentes de dois córregos tributários do rio Taquari, Garimpinho e Garimpeiro. Além disso concentra um conjunto de 39 voçorocas que despejam toneladas de sedimentos no rio”, salientou Martha.
O plantio de espécies nativas, segundo a chefe do parque, começou em janeiro. Foram utilizadas cerca de 51 espécies do cerrado como ipê, balsamo, angico, aroeira, sendo que 20% são plantas frutíferas para alimentar os animais silvestres, entre elas o baru, pequi, jenipapo, jatobá. Eles vistoriaram também áreas onde foram feitas curvas de nível, muvuca de sementes e plantadas inúmeras espécies nativas. “São áreas que estavam degradadas e agora encontram-se em plena recuperação”, comemorou.
O diretor-presidente do Imasul, André Borges, destacou que o Parque tem 30 mil hectares, e que a função do Estado é proteger esta área e desenvolver ações de recuperação. “Nosso acompanhamento mostra que o programa já tem surtido excelentes resultados. Em apenas sete meses já diminuímos quatro vezes o volume de sedimento nos rios, tivemos um aumento na presença de peixes nas nascentes.Todos estes são bioindicadores de qualidade do ambiente”, pontuou.
Borges salienta que a revegetação segura a força da água, da chuva pois se tem a terra coberta por vegetação. “Tudo isso, as curvas de nível, os terraços, fazem com que esta água perca a força que é o grande problema da erosão. Temos ainda o monitoramento que detectou a volta de animais silvestres”, enfatizou.
Maior do Brasil
O Projeto “Sementes do Taquari” tem a meta de restaurar aproximadamente 6 mil hectares anexados ao Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari – com área total de 30.618 hectares -, na região norte de Mato Grosso do Sul – entre os municípios de Alcinópolis e Costa Rica. O objetivo é plantar mais de 270 mil mudas todas nativas.
As voçorocas que comprometem aproximadamente 40 hectares estão sendo recuperadas. Equipes de campo plantam sementes nas voçorocas para conter a perda de sedimentos.
A etapa seguinte consiste no plantio das mudas, o que é feito pela ONG (organização não governamental) Oreades, apoiada pelas empresas Cargil, ATVOS e Adecoagro. A chefe do parque, Martha Gilka lembrou que cada hectare tem recebido cerca de 1.200 mudas. “Nossa meta é atingir 260 hectares cultivados com mudas até o final do ano”, lembrou.
O secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) destacou a importância da iniciativa que mostra o esforço do Governo do Estado em recuperar o rio Taquari a partir de intervenções nas suas nascentes, evitando que sedimentos sejam carreados para o leito do rio e provoquem o assoreamento no trecho em que atinge a planície pantaneira. “Este é o maior projeto de recuperação ambiental em unidade de conservação do Brasil, uma iniciativa que partiu da nossa equipe técnica e está alinhada com o Prosolo”, afirmou Verruck.
Outro ponto importante lembrado pelo secretário é que o projeto pode representar uma nova etapa na meta do Estado em se tornar Carbono Neutro em 2030. “Nosso objetivo além da recuperação do solo e evitar o assoreamento dos rios é trabalhar com o crédito de Carbono. Estas regiões elas têm um potencial enorme de gerar créditos de carbono também. Nosso objetivo é a questão ambiental mas também criar outras alternativas de geração de renda com sustentabilidade”, concluiu.
Rosana Siqueira, da Semadesc